Um novo gigante do turismo mundial?
O Carlyle Group e Vista Capital querem comprar a Globalia. A possível concretização da operação agita o turismo espanhol, com repercussões que vão além de fronteiras e oceanos.
O grupo americano está apostando forte na Espanha, onde já comprou diversas companhias turísticas e fez uma proposta à Gobalia, uma das maiores empresas do seu tipo. O Carlyle é uma multinacional com ramificações em todos os continentes e ativos superiores aos US$ 75 bilhões, que tem lançado uma ofensiva de compras no mercado após a criação da Orizonia, uma das mais poderosas companhias do turismo espanhol, com 2,341 bilhões de euros no último exercício.
Agora a oferta de compra é para o grupo Globalia na sua totalidade e, ainda que a aproximação se encontre numa fase "preliminar", fontes da Orizonia insistem na intenção do grupo de Manuel Subias na compra.
É difícil fazer previsões sobre uma etapa posterior à "preliminar" e sobre a parte da companhia que seria vendida pela Globalia caso se aceitasse a oferta.
Como telenovela de primavera, o assunto agita o mundo turístico espanhol. Fontes hoteleiras e importantes operadoras coincidem: se se passasse das intenções à assinatura de contratos, nasceria o maior gigante turístico espanhol, com grande vantagem sobre os concorrentes nacionais e uma musculatura de porte mundial.
Efetivamente, marcas como Halcón Viajes, Travelplan, Oasis e Air Europa (atualmente da Globalia) iriam se somar a Viajes Iberia, Solplan, VivaTours, Rumbo-Viajar, Iberojet e Iberworld, atualmente da Orizonia.
Dessa megafusão surgiria uma companhia com faturamento de mais de 6 bilhões de euros e, como alguns supõem, seria uma resposta às recentes fusões Thomas Cook-My Travel e TUI-First Choice.
Seria então o Velho Mundo o novo palco da corrida aos mercados que operadoras espanholas têm lançado na América Latina? Fica ainda uma incógnita: trata-se de uma batalha hispano-angloalemã ou de um conflito tripartido pela hegemonia no continente, impulsionado pelo Carlyle Group do outro lado do Atlântico?
Continuaria a Kirunna - criada recentemente - como operadora da Orizonia enquanto as novas incorporações continuam aproveitando a imagem das suas marcas tradicionais com autonomia de gestão?
Muitas são as incógnitas nesta história, a começar pela opinião da Globalia. Um porta-voz da empresa disse à mídia que a empresa se considera um grupo comprador e não vendedor, acrescentando que com freqüência aparecem temas semelhantes e que recentemente receberam mais de uma oferta.
Ainda que as negociações chegassem a se concretizar como contratos, faltaria a autorização da Comissão Européia para a realização de uma transação que criaria o maior grupo turístico espanhol, com projeção mundial, sem muitos concorrentes.