Xavier Veciana, diretor geral do grupo SuperClubs no Brasil

A companhia jamaicana SuperClubs decidiu apostar pesado no destino brasileiro, onde tem atualmente quatro hotéis - dois de praia e dois de cidade - e um resort em construção com abertura prevista para o mês de outubro. As projeções do Grupo são de forte expansão nos próximos cinco anos no Brasil, principalmente a partir do desenvolvimento das suas marcas Breezes e Starfish.

O senhor poderia fazer uma pequena introdução sobre a sua formação profissional e sobre a sua incorporação no Grupo SuperClubs?

Eu nasci em Barcelona e sou economista. Comecei minha carreira em consultorias financeiras na Europa, na área dos fundos financeiros. Na hotelaria entrei nos anos 80 através de um grupo japonês, o Okura. Minha carreira hoteleira começou em Amsterdã e depois em Tóquio. Logo depois passei para a rede Intercontinental na qual trabalhei vinte anos, abrindo e dirigindo diversos hotéis InterContinental no mundo. Na Espanha dirigi a área financeira do Castellana Intercontinental de Madri, no momento em que o hotel era propriedade da rede InterContinental, conseguindo que o Castellana entrasse numa nova etapa de desenvolvimento. Depois, na América Latina, dirigi os hotéis InterContinental de Cali, na Colômbia, e de Ciudad Guayana, na Venezuela. Posteriormente abri o Intercontinental de Santo Domingo, na República Dominicana, e o de São Paulo, primeiro hotel de negócios de nova geração no Brasil, e organizei a pré-abertura do Intercontinental da Guatemala.

No ano de 2000, depois de 20 anos, deixei o Grupo Intercontinental principalmente porque eu adorava o Brasil e decidi me estabelecer neste país. Naquele momento o grupo InterContinental não tinha mais desenvolvimento no país e então o SuperClubs me convidou para que instalasse a companhia no Brasil. Minha especialização em start-ups e minha paixão pelo Brasil contribuíram para que eu me lançasse na aventura de estabelecer o Grupo SuperClubs na América do Sul.

Nesse mesmo ano abrimos o Breezes Costa do Sauípe, o primeiro resort all-inclusive do país, com muito sucesso. Agora temos quatro hotéis: dois resorts - o Breezes Sauípe (Bahia) e o Starfish Aracaju (Sergipe) - e dois produtos de negócios - o Sonesta São Paulo e o Sonesta Brasília. Temos uma parceria com a companhia americana Sonesta, sediada em Boston, para a abertura de um produto de cidade porque eles queriam se expandir na América do Sul, mas não tinham uma equipe neste continente. Estamos desenvolvendo fortemente este produto com a marca Sonesta e esperamos desenvolver mais empreendimentos nos próximos 3 anos nas grandes capitais brasileiras.

Estamos desenvolvendo ainda a marca Breezes, o produto de luxo do SuperClubs. Vamos abrir um Breezes em Búzios, na paia de Geriba. O Breezes Búzios, agora em construção, vai ter 330 apartamentos, com instalações muito modernas, um centro de convenções para mais de mil pessoas e com a variedade de gastronomia e entretenimento que caracteriza os estabelecimentos SuperClubs: 4 restaurantes, 6 bares, muitos equipamentos para a prática do esporte e até um cinema numa piscina, além de um bowling e equipamentos de canoping.

Por outro lado estamos trabalhando para abrirmos outro Starfish no Nordeste brasileiro.

Esses são produtos de família, de lua de mel, mas ainda não escutei as palavras Grand Lido nem Hedonism, não são produtos para o Brasil?

Não. O SuperClubs está priorizando a marca Breezes para o seu crescimento. O desenvolvimento dos Hedonism depende de uma oportunidade específica porque seu sucesso está ligado a locais muito especiais.

Os Hedonism não fazem parte de uma política de expansão, são uma marca totalmente de oportunidade como uma ilha ou uma praia inabitada localizadas perto de grandes centros urbanos com um público solteiro de hábitos modernos... Aí desenvolvemos a marca, caso contrário não, daí que a nossa prioridade de desenvolvimento sejam as marcas Breezes e Starfish.

Qual o volume de investimentos do Grupo no Brasil?

A gente prevê uma captação de investimentos de 500 milhões de reais nos próximos 5 anos.

Os hotéis do Brasil têm características ou ofertas especiais em relação a outros estabelecimentos SuperClubs?

Os nossos hotéis e resorts no Brasil adaptaram-se ao público sul-americano e europeu a partir da instalação do primeiro Breezes em Sauípe. Um dos grandes diferenciais é a gastronomia, porque o público brasileiro e latino-americano está acostumado com uma maior qualidade gastronômica, talvez mais que o público americano de lazer.

Quais os mercados emissores mais importantes para o Brasil na América e na Europa?

As principais fontes de clientes são: 50% do Brasil e os restantes 50% da Argentina, Chile e de outros países da América do Sul, seguidos da Espanha, Portugal, Alemanha, Itália e Inglaterra de acordo com os voos existentes para o Brasil. Dos Estados Unidos estamos recebendo um público interessante através dos voos diretos Miami-Salvador.

E o mercado russo para o Brasil?

Ainda é cedo para esse mercado que está começando a descobrir o Caribe.

Gostaria de acrescentar mais alguma coisa?

Gostaria de dizer que o SuperClubs, desde a sua entrada no Brasil, desenvolveu uma política de turismo sustentável. É um compromisso com o crescimento sustentável das comunidades vizinhas pobres a partir de programas de educação, proteção ambiental e desenvolvimento de toda a cadeia produtiva.

Isso significa que estimulamos a compra de materiais como sabão, peixe, frutas ou verduras nas comunidades locais, desenvolvendo uma política de sustentabilidade e de crescimento delas, e até priorizando a contratação dos nossos colaboradores nessas comunidades.

O Grupo tem alguma escola de formação no Brasil?

Na verdade somos hotéis-escola e temos uma aliança com o Instituto de Hospitalidade no Brasil para a qualificação profissional. É com eles que estabelecemos os nossos programas de educação e de certificação profissional.