Yean Luis Duran Siso, presidente do Instituto Nacional de Turismo da Venezuela
Piloto militar e civil com especialização em Administração Pública, Yean Luis Duran Siso explica os incentivos para a atividade turística e as perspectivas do turismo na Venezuela, setor que pode ser uma alternativa à indústria petrolífera venezuelana.
Como avalia o senhor o turismo estrangeiro na Venezuela nos últimos anos?
O Instituto Nacional de Turismo da Venezuela (Inatur) é uma entidade subordinada ao Ministério do Poder Popular para o Turismo, Mintur, comandado por Olga Cecilia Azuaje. O Inatur tem entre suas funções a promoção e a capacitação dos profissionais ligados ao turismo.
A política dos últimos anos tentou consolidar o turismo como fonte de receitas alternativas às do petróleo. O turismo foi historicamente uma fonte de receitas, mas é atualmente que temos uma ideia clara da sua importância. Nos próximos dez anos teremos uma indústria turística forte que poderia ser a base de uma transformação do modelo econômico da Venezuela, com um impacto determinante dessas receitas no PIB.
O crescimento turístico de 2008 - recebemos cerca de 1,2 milhões de turistas - em relação a 2007 foi de 6,22%, o que é muito significativo no processo de reformulação da política turística. A nossa lei atual de turismo foi aprovada em julho de 2008 e incentiva o setor com créditos favoráveis para as empresas de serviços e para os investidores nacionais e estrangeiros.
A nova lei turística promove a proteção da natureza. Queremos um turismo preocupado com a conservação das nossas riquezas naturais, não um turismo depredador.
Um dos incentivos para o desenvolvimento é a redução das taxas - de até 75% - no caso dos investimentos para a construção de hotéis e a criação de novos serviços turísticos. Há ainda tarifas especiais de combustível e isenção de impostos para navios e aeronaves com fins turísticos.
Por outro lado aumentamos as verbas de promoção dos destinos da Venezuela e temos um programa de capacitação dos profissionais do turismo, tentando aumentar a qualidade dos serviços turísticos.
Quais os principais destinos a serem promovidos no exterior?
A Venezuela é mais conhecida como destino caribenho de sol e praia, mas na verdade é um país multi-destino com grande variedade de atrações naturais, históricas e culturais, a 30 minutos de avião a partir do centro do país.
No estado de Bolívar temos a Gran Sabana, com as formações rochosas mais antigas do mundo. É ali que se encontra o Parque Nacional Canaima e a cachoeira do Salto Ángel, a mais alta do mundo com 900 m de altura e de uma beleza espetacular.
A Gran Sabana é uma região mística pela majestosidade do seu ecossistema na região da Guayana, e no Caribe temos cerca de 300 ilhas e 3000 km de costas.
A ilha Margarita era a nossa principal oferta turística, mas na realidade temos destinos iguais ou de maior beleza.
Temos ainda as florestas tropicais, como a amazônica, montanhas com neves permanentes como o Pico Bolívar - com mais de 5000 m - no estado de Mérida, onde se encontra o teleférico mais alto e longo do mundo.
Na região dos Llanos, no sul do nosso país, que compartilham os estados Portuguesa, Barinas, Apure, Guárico e Cojedes, temos uma grande biodiversidade de flora e fauna e zonas para a prática de esportes radicais como o rafting, no rio Acequia, com categoria 3. Também temos zonas desérticas, como as de outros lugares do mundo, no estado de Falcon.
A infra-estrutura hoteleira é suficiente para um turismo de massa?
A projeção do turismo requer um incremento dos investimentos, daí as negociações com o setor privado para a renovação ou construção de novos hotéis. A estatal Venezolana de Turismo (Venetur), tem oito hotéis de 5 estrelas e uma capacidade total de 1600 leitos.
A nova lei tem uma abertura total para o investimento e, segundo o projeto, permite a priorização dos recursos para seu desenvolvimento.
Tem a Venezuela a modalidade do all-inclusive?
Temos essa modalidade, mas na verdade queremos um turista em interação com as nossas comunidades e com a cultura venezuelana, formada pela mistura das raças africana, ibérica e indígena.
Quais as redes internacionais que atuam na Venezuela?
Há muitos grupos, entre eles o Grupo Pestana, a Eurobuilding, a Marriot...
E os mercados emissores?
Em 2008 e de acordo com as estatísticas, os principais foram os Estados Unidos, Canadá e Colômbia. No entanto queremos turismo de outros países também e as nossas campanhas promocionais vão ter a Europa em foco - principalmente a Península Ibérica - e os países da América Latina.
O que é que pode dizer da relação qualidade-serviço?
O Ministério tem um vice-ministério de Qualidade e Serviços Turísticos para a interação com as empresas de serviços.
Avaliamos permanentemente os locais físicos e a qualidade do serviço dos operadores e dos outros elos da cadeia para que o turista receba um atendimento de qualidade e queira voltar.
Qual a maior atração da Venezuela e de Caracas?
Somos um país multi-destino e cada região tem sua atração principal. Já Caracas é uma cidade cosmopolita, de gastronomia universal, ponto de convergência de raças e povos porque a Venezuela, situada entre a América do Norte e a América do Sul, é um ponto obrigatório das companhias aéreas, por questões técnicas e de abastecimento de combustível.
Caracas tem locais emblemáticos como a Casa do Libertador Simón Bolívar, a praça do mesmo nome, o complexo cultural Teresa Carreño e o Jardim Botânico.
Outras atrações importantes da capital são o parque El Ávila, cujo teleférico oferece uma bela vista do vale de Caracas; o Parque del Este, com o jardim zoológico e zonas para caminhadas; o Paseo dos Próceres, com as estátuas dos libertadores da Venezuela e, principalmente, o contato com o povo venezuelano.